Heringer anuncia acordo que dá controle acionários a grupos Russos
A Fertilizantes Heringer, empresa de capital aberto que teve origem em Manhuaçu, criada em 1968 pelo engenheiro agrônomo Dalton Dias Heringer como uma empresa individual, tendo se tornado uma das maiores companhias do setor no Brasil, e mantém na cidade uma de suas grandes unidades, informou ao mercado nesta segunda-feira (23/09) que, após um aumento de capital, os grupos russos Uralkali e Uralchem serão titulares de ações que representarão o controle da companhia a partir de agora.
Segundo acordo anunciado, o controlador da Heringer, que vinha enfrentando uma séria crise nos últimos anos, celebrou carta de intenção vinculante que prevê subscrição de novas ações ordinárias pelos grupos, segundo fato relevante. Se concretizado, o acordo pode ampliar a competição no mercado brasileiro de fertilizantes, dominado pelas gigantes globais Yara e Mosaic.
O Uralkali é um grupo produtor e exportador de fertilizantes à base de potássio, enquanto Uralchem é produtor e exportador de nitrogênio e fertilizantes complexos.
O Brasil, uma potência agrícola, consumiu um recorde de 35,5 milhões de toneladas de fertilizantes em 2018, tendo importado cerca de 77% do total.
A Heringer, em recuperação judicial, afirmou que o acordo com o acionista controlador, Heringer Participações, prevê subscrição de ações pelos investidores a 2 reais por papel em aumento de capital de até 115 milhões de dólares.
O valor por papel representa um prêmio em relação à cotação de fechamento da última sexta-feira, de 1,90 real. Nesta segunda-feira, as ações da Heringer chegaram a subir 23,68%, na máxima da sessão, a 2,35 reais, antes de entrarem em leilão.
Segundo o fato relevante, os investidores se comprometeram a subscrever a totalidade das ações não subscritas por outros acionistas, em decorrência do exercício de seus respectivos direitos de preferência, e o acionista controlador também cede seus direitos de subscrição.
Dessa forma, o investimento a ser feito pelos investidores será de, no mínimo, 59 milhões de dólares, dependendo do câmbio.
Alternativamente, disse a Heringer, os grupos russos poderiam adquirir ações de emissão da companhia representativas de, pelo menos, 51,5% do capital social votante da companhia de titularidade do acionista controlador, pelo valor de 2 reais por ação e, posteriormente, subscrever ações em aumento de capital da companhia.
Segundo informações do site da Heringer, o controlador detém 51,48% de participação na empresa, enquanto a OCP, do Marrocos, conta com 10%, e a canadense PCS tem 9,5%.
Fonte: Revista Exame
Texto: Roberto Samora, da Reutersaccess