No Dia Internacional do Café, Minas só tem o que comemorar
Estado mineiro lidera produção nacional, com exportação para cerca de 90 países e faturamento de R$ 3,23 bi em 2018
Nesta terça-feira (1/10), foi lembrado o Dia Internacional do Café. A data foi criada pela Organização Internacional do Café (OIC), órgão que reúne governos de países exportadores e importadores para pensar os desafios do setor cafeeiro mundial por meio da cooperação internacional.
A região de Manhuaçu é uma das principais produtoras de café de Minas Gerais que é, também, o principal estado produtor do País, com muita história para contar, desde o aumento significativo da produtividade nas últimas décadas, o avanço no uso de tecnologias, passando pela mudança de comportamento em relação ao hábito de consumir a bebida até a conquista de mercados com a produção de cafés certificados.
De acordo com o Mapeamento do Parque Cafeeiro, realizado pelo Governo de Minas, a cafeicultura está presente em 463 municípios (55% do estado), que possuem lavouras consideradas comerciais. Aliado às condições favoráveis de clima e solo e à ligação histórica e cultural que o mineiro tem com o ‘cafezinho’ está um trabalho consistente desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e suas vinculadas (Emater-MG, Epamig e Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA), para a consolidação da cafeicultura como fonte de renda de famílias e municípios até se transformar no principal produto de exportação do agronegócio mineiro. No ano passado, o café mineiro foi exportado para 87 países, gerando divisas no valor de R$ 3,23 bilhões.
Extensão rural
Nas últimas décadas, a produtividade brasileira mais que dobrou, transformando a atividade na mais competitiva do mundo. Esse movimento foi acompanhado pela cafeicultura mineira. A produtividade no estado saltou de 16,5 sacas por hectare em 2001 para 33 sacadas por hectare no ano passado. Com produção recorde de 32 milhões de sacas, na safra 2018, Minas Gerais respondeu por 55% da safra nacional, no período. O trabalho de assistência técnica e extensão rural, desenvolvido pela Emater-MG, foi fundamental nesse processo de consolidação. Segundo o coordenador estadual de cafeicultura da empresa, Bernardino Cangussu, com a extinção do Instituto Brasileiro do Café, na década de 1990, coube à Emater-MG, por sua estrutura técnica e capilaridade, assumir a maior parte da orientação técnica das lavouras cafeeiras, auxiliando na elaboração de políticas públicas para o setor.
“Em parceria com outras entidades, a Emater-MG fomentou o associativismo e o cooperativismo; orientou os cafeicultores, especialmente os familiares, a adotarem a análise de solos e folhas e as práticas de conservação ambiental; a utilizarem tecnologias e procedimentos para a melhoria de qualidade da produção, dentre outros procedimentos. Tudo isso transformou as ações da Emater-MG em referência de extensão rural para a cafeicultura, contribuindo decisivamente para a consolidação do estado como o maior e melhor produtor de café do mundo”, avalia o coordenador.
Pesquisa
O avanço das pesquisas e a adoção das tecnologias geradas também foram fundamentais neste processo. Desde a década de 1970, a Epamig desenvolve pesquisas que abrangem todo o ciclo produtivo da planta, desde o preparo do solo e a indicação de cultivares selecionadas até os cuidados pós-colheita, influenciando na produtividade, qualidade e agregação de valor ao produto final. O programa de melhoramento genético conduzido pela Epamig, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Café) e universidades federais de Lavras e Viçosa registrou 17 cultivares de café adaptadas às condições de clima e solo do estado e novos materiais estão em desenvolvimento.
O Banco de Germoplasma de Café da Epamig, localizado em Patrocínio (Alto Paranaíba), é um dos maiores do Brasil, com mais de 1,5 mil materiais catalogados. O acervo garante a continuidade do programa de melhoramento genético do cafeeiro e a evolução da cafeicultura nacional, além de permitir a pesquisa e o desenvolvimento de plantas resistentes a pragas e doenças, mais produtivas e compatíveis às condições de clima e solo da região.
Os ganhos que projetam a cafeicultura mineira nos cenários nacional e mundial não se resumem ao aumento da produção. Segundo o assessor especial de Cafeicultura da Secretaria de Agricultura, Niwton Moraes, o café vive, atualmente, o que se chama de ‘Quarta Onda’, no que diz respeito à qualidade e à forma de consumo do produto.
“Na primeira Onda, o foco estava voltado para o volume da produção. Na segunda, além do volume, começa a preocupação com a qualidade. A terceira fase foi marcada pelas diferentes formas de consumo, com a introdução das minidoses, como as capsulas e sachês; o direct trade que é o comércio direto entre o produtor e o varejista; o consumo fora do lar (em cafeterias), a preocupação com a responsabilidade no processo produtivo, além de uma contínua preocupação com a melhoria da qualidade. Atualmente, nesta ‘Quarta Onda’, o consumo do café passa a ser visto como uma experiência sensorial. Outro ponto importante é a agregação de valores cultural e socioambientais ao produto, com o consumidor demonstrando interesse em saber a história de quem produziu, onde e como foi produzido o café consumido”, explica o assessor técnico da Seapa.
Certificação e qualidade
A demanda pela qualidade é um caminho sem volta. No mundo, o consumo cresce cerca de 2%, enquanto a demanda por cafés especiais cresce 15% por ano. O Certifica Minas Café, implantado em 2008, é considerado um divisor de águas na política cafeeira do Estado. O programa antecipou as mudanças que o mercado consumidor começava a exigir, abordando questões sociais, ambientais e de qualidade.
“O Certifica Minas Café posicionou o estado como referência na produção de cafés sustentáveis, de qualidade e certificados, com reconhecimento mundial dos principais traders e compradores, sendo que muitos produtores já agregam valor e têm mercados diferenciados por estarem participando do programa”, afirma o coordenador da Emater-MG, Bernardino Cangussu.
Coordenado pela Seapa, o Certifica Minas é executado em parceria com as vinculadas e, dentro da política pública de certificação que abrange outros produtos, o café é o que tem o maior número de produtores participantes. Cerca de 1,3 mil cafeicultores têm a produção certificada pelo programa. Na avaliação do gerente de certificação do IMA, Rogério Carvalho Fernandes, o Certifica Minas é uma política pública diferenciada, na medida em que possibilita a participação de pequenos produtores, que tinham dificuldades para acessar a certificação privada pelo alto custo do procedimento. Tanto a assistência técnica da Emater-MG quanto as auditorias do IMA são realizadas gratuitamente aos produtores agricultores familiares.
Fonte: Agência Minas
Foto: Divulgação/Seapa