Filme de Ipatinga recebe crítica elogiosa de membro da Abraccine no Rio

29/04/2025 Júlio Oliveira

Marco Fialho destaca a força estética e o discurso antirracista de Sobre Borboletas e Outras Histórias

O curta-metragem Sobre Borboletas e Outras Histórias, dirigido por Sávio Tarso, ganhou projeção nacional ao receber uma crítica positiva do jornalista e crítico de cinema Marco Fialho, membro da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). A análise foi publicada no blog especializado #CineFialho após uma sessão especial no Estação Net Botafogo, no Rio de Janeiro.

Com enredo centrado no impacto do racismo na infância, o filme impressionou o crítico pela força de seu discurso e pela qualidade estética, mesmo com recursos limitados. “Esse mineiro está realizando uma obra importante, que precisa ser urgentemente vista e debatida”, escreveu Fialho, destacando a relevância da produção feita em Ipatinga, no Vale do Aço.

A sessão gerou debates intensos e envolveu um público diverso, reafirmando a potência do curta em provocar reflexões fundamentais sobre infância, racismo e arte. A obra foi produzida pela Vídeo Plus com apoio da Lei Paulo Gustavo e teve pré-estreia em Ipatinga, na Escola Estadual Professora Elza de Oliveira Lage — cenário das filmagens.

Para o diretor Sávio Tarso, o reconhecimento do crítico reforça a proposta estética e política do filme: “Fiquei feliz porque o crítico compreendeu nossa linguagem dentro do contexto de produção adverso que enfrentamos. Queremos fazer um cinema que recupere a capacidade das imagens de produzir um significado forte por si mesmas. Hoje em dia há uma profusão de discursos e falas por causa das novas tecnologias da comunicação, porém, o cinema continua sendo a arte que toca as pessoas com a imagem e o som, independente da história que pretende contar. No caso do nosso curta, a reflexão sobre o combate ao racismo começa nas imagens da sala de aula, que é tão vista e tão banalizada. É preciso olhar para o cotidiano de uma forma diferente para poder transformá-lo. Agradeço a sensibilidade do Marco Fialho.”

Para Éderson Caldas, produtor do filme, a experiência no Rio marca um novo momento para a circulação da obra. “Valeu a pena porque nossa alma não é pequena. A partir da charmosa salinha 4 do Estação Net Botafogo, abrimos um discurso que precisa ser dito e ouvido cada vez mais”, afirmou. Ele adiantou que o grupo já planeja levar a produção para São Paulo: “A ideia é que o documentário Preto Tipo A se torne uma série, passando por tantas outras cidades e estados do Brasil”. O coletivo também aguarda os resultados das mostras e festivais para os quais inscreveu os filmes.