Um conto de Natal, de Beatriz Zapalla
Neste natal, publicamos aqui no site Cidade Total, um conto da poetisa e escritora manhuaçuense, Beatriz Zapalla.
Hoje aos 92 anos, bem lúcida, Beatriz pediu para que publicássemos uma história que viveu e escreveu durante uma de suas viajens.
Essa história aconteceu no ano de 2004, quando foi passar o Natal com a filha e netos em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Reciclagem Natalina
Logo que entramos no mês de dezembro, parece que tudo transmite alegria, desejo de comunicação e um querer bem invade o nosso coração fazendo-nos irmanados ao próximo, a sorrir pelas coisas mais simples.
Como é gostoso o ar natalino!
É tempo de férias, as crianças ficam encantadas com a ornamentação da casa e as lampadazinhas brilham num colorido festivo encantador. Estou aqui em Porto Alegre a convite dos meus filhos Miriam e Vicente divertindo-me com os netinhos João Lucas e João Vitor e juntos e junto deles sinto a proximidade do Natal.
Há dias o jardineiro removeu uma placa de uma caixinha d’água no meio do gramado onde havia junto ao canteiro um pinheiro, de mais ou menos um metro e meio de altura, que sentiu nas suas raízes aquela interferência e acabou morrendo ficando completamente seco. O jardineiro ia joga-lo no lixo quando minha filha conversando com o marido e filhos resolveram dar vida àquele Pinheiro. Ouvindo aquilo, achei interessante a ideia que todos manifestaram na proteção a árvore sem vida.
Resolveram resgatá-la e Justamente na época do Natal. Logo colocaram mãos à obra, cerraram um pouco no pé, podaram alguns galhos, dando-lhe uma nova forma, mais bonita. Com muito cuidado com os galhos secos, pintaram e plantaram a arvore em uma lata com areia e tijolos, até ficar bem firme. Colocaram a arvore no centro da sala e todos enfeitaram os galhos, com muita graça e entusiasmo dos meninos e dos Pais também.
As bolinhas coloridas, bonecos de papai Noel, sinos, botinhas, cordões, estrelas foram surgindo de dentro das caixas guardadas e mais alguns enfeites lindos com novidades, encantando principalmente o filho menor que subia num tamborete e descia, corria para lá e para cá querendo ele mesmo colocar no pinheiro aquele enfeite que ele achou.
Os pais iam orientando: “O que você acha de colocar esse? Aqui esse está lindo desse jeito?” Foi muito bonito ver a família interessada e entusiasmada em enfeitar a árvore. Vicente cuidou da parte elétrica com as pequenas lâmpadas coloridas, o pisca-pisca. A estrela foi Mirian que colocou no topo da árvore.
O Pinheiro ficou cheio de luzes e feliz enfeitando a sala e ao lado dele uma mesinha, onde Miriam colocou os personagens do presépio. Mas o filho João Vitor procurou em suas caixas de brinquedos e colocou ali todos os bichinhos que encontrou. Um ali, outro aqui, até que o menino Jesus quase desapareceu no meio de tantos bichinhos e os olhinhos do João Vitor brilhando de contentamento me mostrando os seus bichinhos cultuando o menino Jesus. Já era preciso aumentar a mesa pois não poderia retirar um só bichinho por causa dos seus encantamentos.
Que instante abençoado quando se corta um pinheiro para enfeitar a noite de natal fica lindo verdinho também más passada a festa ele vai para o lixo. Que sorte desse Pinheiro que enfeitou a sala dos meus queridos, em vez do lixo ele renasceu todo iluminado, piscando despertando emoções, uma verdadeira reciclagem da pureza, do brilho e do amor. Que Jesus também renasça em todos os corações neste Nata!!
Porto Alegre Rio Grande do Sul 24 de dezembro de 2004
Beatriz Zapalla