Manhuaçu, mãe do “Olho Vivo na Faixa”
A morte do aposentado, Valdivino Marques Oliveira, 68 anos, conhecido por “Canário”, reacende a discussão acerca da necessidade de uma consciência diária e, a educação contínua no trânsito da cidade, que foi considerada modelo para todo o Estado, ao implantar o projeto Olho Vivo na Faixa. Valdivino “Canário” foi atropelado na tarde do último sábado,7, na faixa de pedestre instalada na Rua Monsenhor Gonzalez, local que, costumeiramente atravessava para seguir em direção à sua residência.
De acordo com as informações passadas à polícia, o pedestre iniciou a travessia após um carro ter parado e, em seguida vinha um ciclista de 19 anos. Segundo contou o rapaz aos policiais militares, descia a rua Monsenhor Gonzalez no sentido BR 262/centro. De repente, visualizou a vítima atravessando a faixa de pedestre. Segundo o jovem percebeu que ele parou e, então chegou a frear a bicicleta, mas o aposentado voltou a andar e não teve como evitar o atropelamento. A polícia foi informada por uma testemunha, que um carro parou antes da faixa, para que ele e a vítima atravessassem a rua, atrás do carro e com segurança. Mas, de acordo com a testemunha, quando Valdivino Marques estava sobre a faixa de pedestre, veio a bicicleta e o atropelou. Com o impacto, ele foi arremessado ao solo. Ao chegar no local, a equipe do Corpo de Bombeiros deparou com a vítima inconsciente, sangramento na cabeça, com suspeita de TCE (Trauma Crânioencefálico) grave e obstrução respiratória.
O aposentado Valdivino Marques de Oliveira foi apenas mais uma vítima da falta de respeito, educação e paciência no trânsito, de quem poderia ter esperado à vontade, pois apenas andava de bicicleta. Muitos que circulam pelas ruas da cidade (motoristas, motoqueiros e ciclistas), esquecem que o imprevisível pode acontecer. Ou seja, de maneira repentina, quem está atravessando a faixa de pedestre pode retornar, sem a noção do risco iminente.
O atropelamento desperta a discussão, para que ações contínuas de uma campanha educativa no trânsito volte a acontecer, assim como na implantação da campanha “Olho Vivo na Faixa”, que possibilitou um resultado altamente positivo e expandiu por várias cidades, o bom exemplo no trânsito de Manhuaçu.
Como nasceu o projeto Olho Vivo na Faixa
Tudo teve início em 2006. Em Manhuaçu nasceu um movimento, com a participação de empresários, estudantes, professores, diretores, Polícia Militar, Clubes de serviço e população, para realizar a campanha “Olho Vivo na Faixa”. Por todos os lugares, o assunto era discutido e passou a ser visto como uma ferramenta essencial, para a segurança do pedestre.
A ideia frutificou e, o projeto chamou a atenção. Muitas pessoas vieram a Manhuaçu, para entender o funcionamento da Faixa de Pedestre e, como a população estava comportando. À época, representantes Legislativos e Executivos também vieram conhecer o trabalho desenvolvido, sobretudo a sintonia que passou a existir entre motorista e pedestre, bem como o respeito quando alguém dava o “sinal da mãozinha”, para iniciar a travessia. À época, o presidente do Conselho de Segurança Pública era o radialista S. Jota de Moraes. Ele lembra dos frutos colhidos e, agora a inércia dos órgãos públicos assusta. “A morte do “Canário” é lamentável. O Olho Vivo na Faixa é lembrado por muitos. Mas a consciência dos motoristas, motoqueiros, motociclistas, ciclistas e pedestres deve ser despertada”, ressalta o ex-presidente do Consep, S. Jota de Moraes.
Talvez seja o momento da retomada desse movimento, para que a nossa cidade seja, verdadeiramente, o berço da educação no trânsito e o Olho Vivo na Faixa.
Eduardo Satil