Moradores do bairro Catuaí lutam para preservar área de mata nativa
Os moradores do bairro Catuaí, que estavam incomodados com a abertura de uma “picada” na mata acima do bairro, que eles consideram como o pulmão da cidade ficaram aliviados. Para entender o que está acontecendo e desatar o nó misterioso, a Associação de Moradores, com o apoio do Conselho das Associações de Moradores de Manhuaçu (Coamma) realizou na noite desta quarta-feira,18, uma reunião com a participação de representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Defesa Civil, Polícia Militar, Polícia Militar de Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros, AMA (Associação dos Amigos do Meio Ambiente, Coamma, e Câmara de Vereadores. Os moradores cobram da prefeitura medidas de preservação da área de mata nativa, que está acima do bairro. A pequena reserva sofre agressão com fogo, corte de árvores e, recentemente, os moradores depararam com um trecho no interior da mata roçado. Segundo a prefeitura, torna-se muito complicado para impedir qualquer ação, devido a área ser propriedade privada. Nesse caso, a Licença Ambiental é liberada pelo Estado, para abrir a picada (trilha) na mata.
Segundo o morador, Ivan Ramos, há muitos anos a associação tem se preocupado com a situação da mata, que sofre com a ação do homem. Ele conta que, desde o momento, em que foi detectado sinal de corte de árvores, os moradores ficaram indignados. “Desde a criação da associação, a preocupação de preservar a mata é enorme. Agora, as árvores estão crescendo e sendo cortadas, eliminando o ciclo de vida da reserva. Existe uma erosão na mata, que traz muita preocupação a todos nós”, conta o morador.
A Defesa Civil já visitou o local, atendendo o clamor dos moradores. De acordo com a coordenadora, Vininha Nacif, o laudo mostra a trinca no solo e, por isso há a necessidade de se fazer um estudo sobre a área bem detalhado, para avaliar as condições da mata. Quanto ao monitoramento do local, para observar qualquer movimentação ou abertura da fresta no solo fica prejudicado, devido à falta de pessoal. “Por outro lado, devemos observar ainda, que se trata de área particular e isso é um obstáculo, pois, o Poder Público não pode invadir. Somente em casos excepcionais”, explica Vininha Nacif.
O Secretário Municipal de Meio Ambiente, Sandro Tavares foi perguntado sobre o licenciamento para aquela ação. Ele explicou aos moradores que, o município fica limitado diante do caso. Pouco pode se fazer em virtude de ser área particular. O Estado que faz a liberação, para qualquer ação solicitada pelo proprietário e, a fiscalização fica por conta da Polícia Militar do Meio Ambiente ou Instituto Estadual de Florestas (IEF).
Para o representante da AMA e biólogo, Leandro Belga, a falta de fiscalização é um dos fatores, que prejudica o meio ambiente. A falha que existe possibilita que, tanta coisa aconteça. “A limpeza não deve ser feita de forma aleatória. É preciso respeitar as normas, para evitar danos ambientais e, não de qualquer maneira”, disse. Os moradores demonstram cuidado pela mata acima do bairro Catuaí e, assim continuam a cobrar das autoridades uma ação.
Moradores temem que loteamento traga dor de cabeça
Os moradores indagaram sobre a fiscalização realizada na mata, ao Comandante da Polícia Militar de Meio Ambiente, Ten. Nazareno. Ele destacou o trabalho do Pelotão sob seu comando, que atende 28 municípios. De acordo com o oficial, pelo menos sete ocorrências foram registradas no bairro Catuaí em quatro anos, sendo uma por corte de árvore e, as demais sobre agressão ao meio ambiente. Segundo o tenente, agora foi feita uma “picada” permitida por lei e, a autorização devida foi apresentada. O engenheiro contratado pelo proprietário da área para o levantamento da área, Guilherme Póvoa ouviu atentamente o clamor dos moradores. Ele explicou que, no local foi feita uma “picada” ou trilha, obedecendo o que estabelece a lei. “A limpeza foi feita para o levantamento da área, para transformar uma parte rural em urbana. Para isso, a equipe utiliza equipamentos como a Estação Total, GPS Topográfico e ainda o Drone. Ali é uma área particular e, após todo o levantamento é que o proprietário irá decidir, quanto a viabilidade para transformar a área em loteamento ou não”, disse o engenheiro. Ele alertou também que, a área possui muitas trincas, que estão em várias dimensões e, por isso será necessária a contratação de profissionais das áreas de geologia, engenharia civil e topografia, para a realização de um estudo bem detalhado. O trabalho levará 30 dias para ficar pronto, ou até mais. Guilherme Póvoa se comprometeu informar a comunidade e os demais órgãos ligados ao meio ambiente, o resultado do estudo de levantamento da área acima do bairro Catuaí. O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Catuaí considerou a reunião proveitosa e, principalmente a presença dos moradores e representantes de vários órgãos, em busca do bem comum. Uma cópia da ata será encaminhada à Promotoria do Meio Ambiente de Manhuaçu. (Eduardo Satil)