Votação na Câmara de Manhuaçu decepciona moradores do Barreiro
“Vergonha”: essa palavra foi repetida diversas vezes, por moradores da localidade do Barreiro, que acompanhavam a reunião ordinária da Câmara de Vereadores de Manhuaçu, na noite desta quinta-feira,05. Em pauta, o polêmico Projeto de Lei 003/2025, de autoria do Executivo, para redução da distância de 2 mil metros para 500 metros, para a implantação do Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos. A localidade de Pedra Furada (Barreiro) já foi mapeada para que o empreendimento seja instalado.
Inúmeras reuniões ocorreram na comunidade, na Câmara de Vereadores e, ontem (quarta-feira,04), os moradores fizeram uma manifestação em frente ao Paço Municipal, para sensibilizar a prefeita tirar o projeto de pauta. O esforço dos moradores foi em vão.
Desde a leitura do parecer das comissões acerca do projeto, bem como a sua leitura, os participantes ficaram apreensivos e com um “fio” de esperança de que, alguns vereadores pudessem ter consciência da aprovação para a alteração da lei. A decepção dos moradores e da diretoria da Associação dos Moradores do Barreiro (AMUB), veio no momento em que o painel de votação foi aberto, tendo o projeto recebido aprovação de 11 vereadores. Votaram contra o projeto, os vereadores Alan do Alaor, Administrador Rodrigo, Zé Eugênio e Misrael da Matinha. O vereador Cleber Benfica está em viagem.
Ao ouvirem o resultado da votação, os moradores ficaram de costas para os vereadores, como uma demonstração de revolta pela falta de sensibilidade de muitos, que usam a expressão de que “trabalham em defesa do povo”.
Os vereadores que votaram contra o projeto e a favor da comunidade do Barreiro, manifestaram e destacaram o risco que as famílias estarão sujeitas, com a instalação de um local para tratamento de lixo, num lugar onde tem residências há 70 metros da área demarcada.
O morador e produtor rural do Barreiro, Márcio Caldeira Rhodes ficou revoltado e contrariado, com a forma que a maioria na Câmara avaliou um projeto tão delicado, não demonstrando nenhuma consideração pelas famílias residentes no Barreiro. Ressalta que, há 15 anos vem cuidando das nascentes, que ficam bem perto da área, realizando a recomposição das minas e protegendo a terra. “Hoje, no Dia Mundial do Meio Ambiente, os moradores têm uma decepção tamanha como essa. Vereadores estão defendendo o interesse dos grandes investidores. Lá temos a terra fértil, famílias trabalhadoras, que vivem da agricultura familiar. Movidos por interesses, vereadores votam uma Lei para colocar nossas vidas em jogo”, desabafa o produtor rural.
Márcio Rhodes fala com sentimento profundo e receio, ao que pode acontecer agora. Ele considera que, todos os produtores da região do Barreiro estão sentindo humilhados pelos vereadores, que perceberam que a vontade da comunidade não foi respeitada e, que são vistos somente no período de eleição.
Durante entrevista, o vereador Alan José Quintão (Alan do Alaor) disse que ficou chateado com os colegas parlamentares, que sequer deram ouvido aos moradores, que a todo o tempo imploravam por uma atenção especial, antes de votarem o projeto. “A comunidade sempre esteve lutando de forma ordeira, com garra e confiante. Faltou clareza, discussão e olhar para o próximo de maneira sensível e consideração, além de não terem preocupação com o ser humano e, sim com o fator econômico, que infelizmente nesse momento falou mais alto”, relata o vereador Alan do Alaor.
Eduardo Satil