Delegacia de Homicídios encerra inquérito que apura crime no presidio de Manhuaçu

 

 Delegado pede indiciamento do acusado por quatro crimes

O delegado regional de Manhuaçu, responsável pela Delegacia de Homicídios, Dr. Felipe Ornelas, que investiga o duplo homicídio, ocorrido no dia 7 de setembro no presidio de Manhuaçu, em que o policial penal matou o suspeito de ter estuprado sua esposa, de quem estava separado há 15 dias concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira,16. Ele explicou que na noite anterior ao crime, a mulher de 39 anos, que foi vítima de estupro esteve com o acusado em um bar, situado na área central da cidade até a madrugada de quarta-feira (7). Em seguida, os dois siaram do local conversando, sorrindo e tranquilamente teriam se dirigido ao bairro São Vicente, onde o suposto estupro teria ocorrido. Os investigadores fizeram todo o trajeto, analisaram imagens de câmeras existentes, onde é possível observar que, o casal parou por alguns minutos na Rua Nudant Pizelli, fumou e seguiu andando tranquilamente. Em nenhum momento, a mulher demonstrava tensa ou desconfortável na companhia do rapaz, que tempo depois seria acusado de tê-la estuprado.

A imagem da Rua Mascarenhas de Moraes (São Vicente) mostra o casal chegando. Em seguida, o homem adentra em um beco e na sequência, a mulher também o segue. O casal permanece por 9 minutos, volta para a rua e, novamente retorna ao beco. De acordo com o delegado, ao ser ouvido, o rapaz afirma que houve a relação sexual com o consentimento da vítima. “Só após a consumação do fato, ela conta para ele que é esposa de um policial penal. Ele fica assustado, indaga por que não havia dito antes e vai embora. A mulher fica sozinha na rua e parece irritada, em ter sido deixada ali”, explica o delegado.

Vítima e suspeito se conheciam

Ficou apurado durante a investigação, que a vítima e suspeito estavam se conhecendo, pelo que mostra as imagens captadas no bar, onde teriam passado a noite. Em depoimento, a vítima de 39 anos entrou em contradições, apresentou versões diferentes ao que os investigadores puderam colher como prova para o inquérito policial. As imagens mostram claramente, que a todo o momento não existia qualquer receio por parte da vítima.  Ao ser ouvido, o rapaz disse que ela havia consentido. Na hora em que o policial penal chegou ao presidio e seguiu em direção à cela, também conhecida por “Seguro”, onde ficam acusados de estupro, percebendo que iria morrer, ajoelhou, implorou e jurou que tudo foi “amigável” e com o consentimento. Mesmo ajoelhado, foi alvejado por dois tiros na cabeça. O outro preso que morreu, estava dormindo na rede. Os outros dois foram alvejados, enquanto tentavam abrigar dentro do banheiro da cela, onde estavam 15 presos.

Policial Penal indiciado por dois homicídios consumados e dois tentados

O delegado Felipe Ornelas encerrou hoje (16), a fase investigatória do inquérito, que será remetido à Justiça. Pede o indiciamento do Policial Penal, autor dos disparos, por dois homicídios consumados\qualificados, em que foram vítimas, Evandro Belonato da Terra Junior, 34 anos (indicado como o autor do estupro) e Wallison Costa Reis, 24 anos, que estava na cela devido a conflito com detentos de outra cela. O policial penal responderá ainda por dois homicídios tentados (forma qualificada), de outros dois detentos, que foram feridos levemente. Segundo o delegado, os agentes que estavam trabalhando na manhã do dia 7 de setembro, não facilitaram a ação e, portanto, não cometeram o crime de Omissão Relevante.

Outro inquérito está na Delegacia de Crimes Contra a Mulher, para a devida apuração quanto ao estupro. “Agora a policia quer saber se houve ou não estupro. Com consentimento ou sem o consentimento. Quando pede a ela explicações sobre as imagens das câmeras, a mulher se “embaralha”. Caso não fique confirmado o crime de estupro, ela poderá responder por denunciação caluniosa”, ressalta o delegado Felipe Ornelas.

Eduardo Satil

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